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Ano: 1997  Vol. 1   Num. 1  - Jan/Mar - (5º) Print:
Seção: Original Article
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Injeção local de corticosteróide para o controle da dor no pós-operatório de amigdalectomia realizada com eletrocautério.
Author(s):
Signe Schuster Grasel
Resumo:

A dissecção clássica com tesoura / alça fria e a dissecção com eletrocautério são técnicas comuns de amigdalectomia. O eletrocautério causa dor relativamente mais severa no pós-operatório que a técnica de dissecção clássica . As vantagens, entretanto, são menor tempo de cirurgia associado a menor sangramento no intra-operatório e pós-operatório imediato.

Os autores apresentam estudo prospectivo, cego, randomizado com 99 doentes ( idade: 15 a 55 anos), portadores de amigdalite crônica, para estudar a eficiência da injeção local de corticosteróide após dissecção com eletrocautério. Todos os doentes foram submetidos a eletrodissecção das amigdalas e em seguida atribuídos a um dos três grupos de estudo: grupo 1 recebeu injeção local de 20mg de triamcinolona em cada pilar anterior e loja amigdaliana. Grupo 2 recebeu 40mg de triamcinolona I.M. Grupo 3 não recebeu corticosteróide algum. Todos os indivíduos ficaram internados durante três dias após a cirurgia e receberam analgésico (acetaminofena) a pedido, não de horário. A dose total de acetaminofena ingerida, assím como a necessidade de hidratação I.V., além de questionário quanto à severidade subjetiva da dor foram utilizados para avaliar a recuperação no pós-operatório. Os autores relatam que o grupo 1 usou significativamente menos analgésico que os grupos 2 e 3. No 3º dia pós-operatório (p.o.), apenas 8% do grupo 1 contra 54% do grupo 2 e 70 % do grupo 3 dependiam de hidratação I.V. devido a dificuldade de alimentar-se por via oral. Os autores concluem que, considerando o menor tempo cirúrgico e menor sangramento, a eletrodissecção das amígdalas com injeção local de corticosteróide é a técnica de escolha para amigdalectomia.

COMENTÁRIO

O estudo mostra que a injeção local de corticosteróide pode diminuir a dor de forma significativa nos primeiros dias após eletrodissecção das amígdalas. O período de avaliação compreende apenas três dias. Não sabemos, portanto, da evolução após o 3º dia p.o.

A lesão térmica local causada pelo eletrocautério leva a reação inflamatória mediada por bradiquinina, prostaglandinas e leucotrienos. Ela é mais intensa do que a reação após dissecção com tesoura/ alça fria.. A dor é mais severa, precisando de maiores cuidados no tratamento analgésico/ antiinflamatório e suporte alimentar no pós-operatório. Os doentes de nosso meio não costumam ficar internados vários dias para receber hidratação I. V.

Adeptos da técnica de dissecção clássica, não usamos o eletrocautério em amigdalectomia. Damos preferência à pinça bipolar para o controle de sangramentos e, quando necessário, procedemos à ligadura dos vasos dentro da loja. A infiltração com bupivacaína no inicio da cirurgia é opção que proporciona analgesia satisfatória nas primeiras horas p.o., além de diminuir o uso de drogas usadas pelo anestesista no intra-operatório.

Pesando as vantagens e desvantagens de ambos os métodos, permanecemos com a técnica clássica que nos proporciona procedimento cirúrgico controlado e seguro e o menor desconforto para o doente. O bisturi de alta freqüência, introduzido recentemente em nosso meio, parece intrumento promissor cujo valor em amigdalectomia ainda resta ser estabelecido.

SIGNE SCHUSTER GRASEL - Médica Assistente da Clínica Otorrinolaríngológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unversidade de São Paulo
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